25 de novembro Dia Internacional da Não Violência Contra as Mulheres

A violência contra a mulher no Brasil, nesta pandemia, apresenta números assustadores. De acordo com pesquisa do Instituto Datafolha, encomendada este ano pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), uma em cada quatro mulheres acima de 16 anos afirma ter sofrido algum tipo de violência, no período de junho de 2020 a junho de 2021, durante essa pandemia de covid-19. Isso significa dizer que cerca de 17 milhões de mulheres sofreram violência física, psicológica ou sexual nesta pandemia.

Na comparação com os dados da última pesquisa, há um aumento do número de agressões dentro de casa, que passou de 42% para 48,8%. Em contraponto, diminuíram as agressões na rua, que passaram de 29% para 19%. Também cresceu a participação de companheiros, namorados e ex-parceiros nas agressões.

A pesquisa trouxe um dado importante: o “vizinho”, que em 2019 ocupou o segundo lugar como autor das agressões, neste último ano, ele praticamente sumiu do cenário. Em seu lugar apareceram:  pai, mãe, irmão, irmão, padrasto, pmadrasta, filho e filha. Ou seja, a violência agora acontece fortemente no seio da família.

Dentre as formas de violências sofridas, 18,6% responderam que foram ofendidas verbalmente, 6,3% sofreram tapas, chutes ou empurrões, 5,4% passaram por algum tipo de ofensa sexual ou tentativa forçada de relação, 3,1% foram ameaçadas com faca ou arma de fogo e 2,4% foram espancadas.

Temos um dado alarmante. Em 2020, no Brasil, 53% das vítimas de estupro eram meninas de até 13 anos, o equivalente a cerca de um caso a cada 15 minutos. Em 85% das situações, o estuprador era conhecido. Os dados são do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, lançado no segundo semestre deste ano, que analisou boletins de ocorrência de estupro e de estupro de vulnerável — quando a vítima é menor de 14 anos ou não pode oferecer resistência por algum motivo.

De janeiro a setembro deste ano, o número de mulheres vítimas de violência doméstica na região do Sertão do Araripe chegou a 1.013 casos. Já o número de crimes sexuais na região, neste mesmo período, somou 59 casos, de acordo boletim da Secretaria Estadual da Mulher.

Neste 25 de novembro, o Centro Nordestino de Medicina Popular (CNMP), que há mais de uma década desenvolve ações de combate à violência contra a mulher na região do Araripe, chama a atenção de todas, todos e todes para se unir nessa luta, que é um grande desafio. Sabemos que só com união e solidariedade podemos ajudar as vítimas a identificar situações de violência, para que possam denunciar e se fortalecerem num momento de muita fragilidade e medo.

Nossa ação conjunta também é fundamental para cobrar do poder público ações efetivas de mecanismos de combate à violência contra a mulher, como a instalação de uma delegacia da mulher na região ou de um espaço se acolhimento para esses casos, dando as mulheres vítimas de violência o mínimo de apoio que elas tanto precisam.

Kalinne Medeiros – Assessora de Comunicação do Centro Nordestino de Medicina Popular – CNMP.

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