O Recife é a capital brasileira que mais mata no trânsito. A constatação é do relatório O Retrato da Segurança Viária 2014, levantamento que detalha a segurança no trânsito do Brasil realizado pelo Observatório Nacional de Segurança Viária (ONSV) e concluído no fim do ano passado. Segundo o estudo, Recife tem 34,7 mortes por 100 mil habitantes e lidera o violento ranking. Atrás da capital pernambucana está Fortaleza, com 27,1 mortes por 100 mil habitantes, colocando a região Nordeste à frente da matança ao volante. A proliferação de motocicletas é o que mais teria contribuído, na avaliação dos pesquisadores, para as altas estatísticas.
A desigualdade estatística entre a capital líder e a terceira colocada impressiona. Belo Horizonte (MG), no Sudeste, registrou 22,5 mortes por 100 mil habitantes, seguida por Brasília, com 20,9 e Curitiba, com 20. A mega capital brasileira, São Paulo, obteve destaque no levantamento pelo baixo índice de mortes: 11,8, embora possua a maior frota veicular do País (6 milhões de veículos) e o maior número de habitantes (11,3 milhões). Ainda menos letal foi considerada a cidade de Porto Alegre (RS), no Sul do País, com 11,7 mortes para cada 100 mil habitantes. A capital gaúcha, entretanto, possui apenas 1,5 milhão de habitantes e uma frota de 600 mil veículos.
O relatório também analisou os tipos de veículos que mais se envolveram em acidentes com mortes no País. O Nordeste, apesar de possuir uma frota veicular menor do que outras regiões do Brasil, tem 57,4% a mais de motocicletas que a região Sul, por exemplo. São 5,11 milhões de motos no Nordeste contra 3,24 milhões no Sul. Segundo o relatório, acidentes com motos respondem, proporcionalmente, pela maior parte das mortes viárias do Brasil.
No Nordeste, 43% da frota é composta por motocicletas e 48% dos óbitos são motociclistas ou pessoas que estavam na garupa de motos. No Norte, 47% da frota são motos e 39% é o índice de mortes de motociclistas. No Centro-Oeste, 30% da frota são de motos e 36% é o número de óbitos de motociclistas. No Sudeste, 21% da frota são de motos e 28% é o número de óbitos de motociclistas. Já no Sul, 21% dos veículos são motos e 31% das vítimas que morreram estavam em motos.
Paulo Guimarães, diretor técnico do ONSV, explica que a proposta do levantamento é provocar reações tanto do poder público como da sociedade. “Queremos que os números impressionem e façam o poder público agir, criando políticas públicas para evitar essas mortes. E que a sociedade se choque para mudar hábitos e, ao mesmo tempo, cobre providências do poder público”, afirma. O estudo teve como base os dados de 2012 do Datasus do Ministério da Saúde, a estatística mais atualizada sobre mortes no trânsito existente no País, mesmo sendo de dois anos atrás.
Da redação do blog do edy.com.br/JC