Ministro da Educação fala em realizar um Enem eletrônico

O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) pode sofrer mudanças nos próximos anos. Quem confirmou a informação foi o ministro da Educação, Cid Gomes, que se reuniu nesta sexta-feira (9) com representantes do Governo do Estado, no Palácio do Campo das Princesas. Segundo Gomes, o processo de admissão para ingressar em instituições públicas poderá ser eletrônico e aplicado não somente em um fim de semana, mas durante um mês, por exemplo. De acordo ele, a ideia é que a prova seja respondida não mais em papel, mas em terminais de computadores, que contenham um banco de dados com cerca de 80 mil questões por disciplina. No entanto, para o professor Fernando Beltrão, o objetivo é ressuscitar um projeto antigo do Governo Federal, que jamais terá eficácia.

“O discurso é até atraente, mas o sistema é semelhante a um que existe nos Estados Unidos há mais de 50 anos. Para criar um banco de dados como o ministro disse, demoraria de cinco a dez anos para conseguir”, afirmou Beltrão. Caso o projeto fosse aprovado e aplicado, o professor ressaltou que resultaria em um exame mais prático e seguro. “A questão é que o Ministério da Educação quer maquiar o problema atual existente no setor com propostas vazias, sem fundamento, para desviar a atenção da população”, destacou o educador, acrescentando que a aplicação é possível, entretanto, sem condições de ser efetivada por conta do banco de dados das questões.

Para o ministro da Educação, não há prazo para a aplicação do novo sistema no País, mas a proposta é adotar dentro dos quatro anos de gestão. “No livre pensar, a tendência é não estabelecer prazo para isso. O que pretendemos é que não precise de todo esse aparato de guerra, que é a realização de um exame único, no mesmo dia, em todos os lugares do Brasil. Em vez de ser um dia, podemos estabelecer algumas datas com segurança de fiscalização. Colocar um período de um mês para a realização da prova, por exemplo”, declarou Gomes.

A médio prazo, complementou o ministro, a concepção é que seja constituído um grande branco de dados de questões contemplando todas as disciplinas. “Todas as questões serão aferidas, avaliadas e testadas por professores universitários, com um total de 80 mil questões. Esse banco poderá ser público, sem a preocupação com sala cofre”, adiantou o titular da pasta. Ainda segundo Gomes, o novo sistema disponibilizará mais tranquilidade e comodidade aos mais de 6 milhões de estudantes que realizam o Enem. “É só uma ideia. Um conceito em cima de tecnologias que já estão disponíveis”, atestou o ministro.

Enem reaplicado

Os 31 alunos que realizaram o Enem na tarde da última quinta-feira (8), em Escada, na Mata Sul do Estado, Petrolina, no Sertão, e Recife, foram pegos de surpresa ao solicitarem o caderno de questões ao final do exame. Segundo o estudante João Paulo Lustosa, 24 anos, que está tentando uma vaga em Química Industrial, os fiscais não foram autorizados a devolver a prova, o que contradiz a exigência prescrita no edital do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). “Saí da prova faltando menos de 30 minutos para acabar. Sem dúvidas, eu poderia levar, mas não me explicaram o porquê eu não pude levar para casa”, contou o aluno.

Ainda de acordo com o aluno, os fiscais entregaram um papel em branco para os candidatos colocarem o gabarito nele. No entanto, comentou João Paulo, ele não conseguiu a tempo. “Não vou ter como conferir. E o tempo que a gente tinha para anotar o gabarito no papel foi descontado. Ou seja, não adiantou de nada”, desabafou. Para o professor Fernando Beltrão. Se é um concurso semelhante, a regra do jogo é a mesma. “Isso deixa claro de que há algo errado nesse exame e levanta suspeita séria de que seja uma prova copiada de anos anteriores. Por que é cortado esse direito de os estudantes levarem a prova para casa”, questionou o educador.

Da redação

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