Complexo Prisional do Curado volta a viver momentos de tumulto e apreensão

Um dia após mais um tumulto com morte no Complexo Prisional do Curado, novamente o local virou cenário de violência. Segundo a Secretaria Executiva de Justiça e Direitos Humanos (SEJUDH), no fim do horário de visitas deste domingo houve uma confusão entre presos dos pavilhões I e P do Presídio Juiz Antônio Luiz Lins de Barros (PJALLB), deixando nove detentos feridos. Quatro deles foram levados ao hospital Otávio de Freitas para receberem cuidados médicos e um deles passa no momento por cirurgia. Um boletim médico ainda será emitido sobre a situação de saúde dos feridos. Ainda de acordo com a secretaria, a situação está no momento sob controle.

Já o presidente do Sindicato dos Agentes e Servidores no Sistema Penitenciário do Estado de Pernambuco (Sindasp-PE), João Carvalho, afirmou que o número de feridos é maior. Pelo menos dez detentos teriam se ferido em conflitos de internos dos pavilhões G, H e I logo após o horário de visitação, que terminou às 16h. Segundo Carvalho, todos foram atingidos por facas e pelo menos um deles teve que ser transferido para receber atendimento hospitalar. Outros dois estavam em observação para serem também levados por ambulâncias para alguma unidade de saúde, enquanto o restante foi atendido na enfermaria do Complexo.

Por volta das 20h40, a representante da Ouvidoria dos Direitos Humanos do Estado, Valderize Campos, foi abordada pela dona de casa Alessandra Ramos, 22 anos. Por meio de um telefonema, o marido dela, Ismael Araújo, que cumpre pena por tráfico de drogas, assumiu ter assassinado um outro detento com golpes de facão no pescoço. Escondido e com medo de represálias, o presidiário exigia a presença dos advogados e da representante do governo. “Fui até onde ele estava e o conduzi ao coronel Clinton Paiva, daqui ele vai para a UPA, pois está com um corte na testa”, contou. Questionada sobre a condução do detento, ela negou que ele tivesse matado alguém. “Posso garantir que não tem ninguém morto”, afirmou Valderize.

Um vídeo compartilhado através do WhatsApp do FolhaPE (81 8187.9290) e confirmado como verídico por João Carvalho mostra a atuação dos agentes na contenção do tumulto. Bombas de efeito moral e balas de borracha foram utilizadas na ação. O Batalhão de Choque entrou no presídio para realiar uma varredura e retirar armas em posse dos presos. Por volta das 19h15, tiros foram ouvidos dentro do presídio e internos do pavilhão I foram vistos apenas de cueca no pátio da unidade prisional.
http://youtu.be/t5JFDl6LwDo

Mulheres e parentes dos detentos, logo após tomarem conhecimento do tumulto e do rumor de mortos, começaram, por volta das 16h30, um protesto em frente ao presídio, fechando o trânsito na avenida Liberdade, no bairro do Sancho, zona oeste do Recife. Durante o protesto, uma adolescente de 17 anos, gestante, foi atingida por um jato de spray de pimenta no rosto e teve de ser atendida pelos bombeiros. O clima no local ficou tenso até as 20h, quando os parentes começaram a dispersar após a saída dos policiais do Batalhão de Choque.

Pela manhã, apesar de um atraso de quase uma hora na abertura do horário de visitas, marcado para às 7h, a situação foi de tranquilidade. Mesmo assim, familiares de reeducandos afirmaram que ainda avistaram presos portando armas brancas, como facas, foices e facões, nos pátios.

Da redação do blog do edy.com.br/Folha-PE

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