Um ilustre desconhecido

Por Magno Martins

Na vida pública, a face mais perversa para o político é o desconhecimento pelo público da sua existência. Em português claro, o chamado “ilustre desconhecido”. Quem danado é Danilo Cabral? Eis a pergunta que mais ouvi nos últimos dias depois que o núcleo duro do PSB decidiu pela escolha do seu candidato a governador. Além dos que são do ramo da política, ninguém sabe quem é o “ilustre postulante” a dar sequência ao desastroso governo socialista em Pernambuco.

Posso até estar equivocado, mas o povo que conhece Danilo não passa além da fronteira do município de Surubim, terra de Capiba e Chacrinha, principal base eleitoral do candidato. Em geral, políticos no Brasil não são eleitos pelas pessoas que leem jornais, mas pelas quais se limpam com ele. Eis uma frase bem famosa sem autor quando jornal, antes da Internet, era um veículo que servia para se informar e ao mesmo tempo de papel higiênico.

Na Câmara dos Deputados, mesmo no terceiro mandato, Danilo Cabral também é um ilustre desconhecido. Até ser líder do seu partido na Casa, função que ocupou por um ano sem brilho algum, um poste apagadinho, integrava o baixo clero. Na linguagem da mídia de Brasília, baixo clero é o deputado que ninguém sabe quem é, o que faz e qual contribuição está dando ao povo brasileiro com o seu mandato no Congresso Nacional. É o deputado que cruza os corredores da Câmara e os seguranças só liberam o acesso ao plenário por causa do broche de identificação obrigatório.

Nada é tão deplorável a um político quanto o anonimato. A política, provavelmente, é a única profissão para a qual se pensa que não é preciso nenhuma preparação, nenhum conhecimento prévio de quem a faz, a pratica, e como age no seu modus operandi. Para ser bem sucedido nela, até chegar ao poder, basta ter o QI.

É o Quem Indique! Por falta de outro nome – Geraldo Júlio, candidato natural, foi queimado; Tadeu Alencar perdeu a batalha por ser da Família Real, e Zé Neto não passou pelo crivo da viúva Renata Campos – Danilo caiu de gaiato no navio. Seu QI, alguém duvida, veio da Família Real Pernambucana, a quem ele bate continência todos os dias da vida.

Apresento aos leitores que nunca, como a maioria do povo pernambucano, ouviu falar em Danilo Cabral, o ilustre desconhecido: ele berrou ao mundo em Surubim há 54 anos, mas ninguém sabe até hoje o que fez pela terra. É filho de político. O pai Adalberto Farias foi deputado e se aposentou como conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, corte que o filho entrou por concurso e exerceu a função de auditor.

Virou amigo de Eduardo Campos. Picado pela mosca azul, entrou na política elegendo-se vereador do Recife. O que fez pelo Recife, nem as paredes da Câmara, que editam o jornal corredor, sabem. Formado em Direito, como advogado não se sabe também sua militância.

Com o QI de Eduardo Campos, foi secretário estadual de Educação, das Cidades e de Planejamento. Mas ninguém sabe qual bem-feitoria ao Estado do seu crivo enquanto ocupou tais funções. Também foi secretário de Administração da Prefeitura do Recife, mas nenhum servidor do Recife teve qualquer melhoria resultando da gestão dele.

Eis o abençoado pela Família Real para dar continuidade ao desastroso e inoperante governo do PSB. Eleito, Danilo, da mesma forma do atual governador Paulo Câmara, não governará. A poderosa Renata, soberana da Família Real, governará por ele.

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